Opinião... Eça de Queiroz * Os Maias

Data Início: 03-10-2015
Data Fim: 14-10-2015

AutorEça de Queiroz
Título: Os Maias
Editora: Guerra & Paz
ISBN: 97898997021565
N. Páginas: 588

Sinopse:
"Os Maias", o mais importante romance de Eça de Queiroz, escrito em 1888. A história de uma família ao longo de três gerações que culmina na descoberta de um amor incestuoso, converteu-se no mais importante clássico da literatura portuguesa.

Comentário:
Terminada a leitura de "Os Maias", assiste-me um misto de sentimentos: por um lado, sinto uma espécie de saudade, após 13 dias mergulhada nas páginas deste livro, torna-se difícil desprender-me destas personagens e desta época. Por outro lado, sinto orgulho, porque li a obra integral. E digo isto porque existe um enorme estigma em redor desta obra (e de outras também) porque é de leitura obrigatória na escola e todos (ou quase todos) encarámos a sua leitura como um "frete" e procurámos aqueles livrinhos amarelos com os resumos para responder às exigências da disciplina de português (do 9.º ano?). 

Parando para pensar um pouco sobre este assunto, é minha convicta opinião de que um aluno do 9.º ano não tem maturidade suficiente para uma obra desta envergadura, e a obrigação de a ler pode até originar "ódios" pela leitura de forma generalizada. Tudo porque estamos a falar, mais do que de um romance, de um retrato de época.

"Os Maias", retrata-nos a sociedade portuguesa de finais do século XIX, uma sociedade que vivia, acima de tudo, da aparência. Neste livro acompanhamos a família Maia, que no início da narrativa é constituída por Afonso da Maia e pelo seu neto Carlos. Ao longo da primeira parte percebemos porque apenas vivem avô e neto e o que aconteceu à restante família.
Ao longo destas quase 600 páginas vamos acompanhando o crescimento de Carlos da Maia, a sua formação superior, os seus sonhos e objectivos de vida, as suas paixões. Ao mesmo tempo, conhecemos as inúmeras e ricas personagens secundárias deste livro, as belíssimas tertúlias nocturnas de Afonso com os seus amigos no Ramalhete (a casa da família), os passeios pela baixa lisboeta daquela época, os transportes, os amores proibidos, as amizades de conveniência.

Adorei a recriação do ambiente daquela época, a forma como as pequenas coisas eram encaradas como um drama, as discussões politicas e sociais, os bailes, o teatro, as noites de cartadas. Adorei a forma, por vezes, irónica, de Eça. A riqueza de detalhes na história, sem se tornar, no entanto, um livro excessivamente descritivo. 

Foi um livro que me agarrou, que me marcou e que vai permanecer na minha memória. Apesar de já ter uma vaga ideia do enredo e do final da história, li a parte final de forma sôfrega, só querendo saber como terminava. E isto resume o que um bom livro deve ser. E este é!

Classificação: 9,5/10



Fiquei com curiosidade sobre a Lisboa de Eça e pesquisei um pouco na net em busca de fotos que a retratassem. Aqui estão algumas delas:






Fonte: http://basededados.wikispaces.com/Lisboa+no+tempo+de+E%C3%A7a


Lisboa. Teatro de S. Carlos (vista exterior) - último quartel do séc. XIX
Vista exterior do Real Theatro de S. Carlos em 1893

Lisboa, vista panorâmica da Baixa-finais do séc. XIX - princípio do séc. XX
Vista da Praça de D. Pedro IV tirada do elevador de Santa Justa

 Fonte: http://purl.pt/93/1/iconografia/lugares_lisboa.html


Alguns membros da chamada “Geração de 70″(1870). Eça é o 2º a contar da direita para a esquerda.


Grupo “Os Vencidos da Vida”. Eça é o 2º da fila de baixo, a contar da esquerda para a direita.

Fonte: http://www.luso-livros.net/biografia/eca-de-queiros/

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